Morar
bem, ter comércio próximo, equipamentos públicos e privados que
ofereçam atendimento à saúde, ensino, educação, segurança,
informação e lazer, são características que facilitam a vida das
pessoas nos bairros, dando-lhes uma possibilidade maior de integração
social, consolidando uma dinâmica própria.
A
qualidade de vida passa necessariamente por uma moradia digna com
qualidade e conforto, dotada de infraestrutura básica como água,
esgoto, drenagem, energia elétrica, vias de acesso e segurança.
O
Conjunto Ceará é uma das mais conhecidas experiências de habitação
popular do Estado do Ceará. Denominado Projeto Ceará, trouxe
o conceito de "Unidades de Vizinhança", idealizadas por
Clarence Arthur Perry, arquiteto americano que influenciou bastante a
urbanização após a Segunda Guerra Mundial, no Século XX.
De
acordo com Perry, as cidades deveriam ser estruturadas em forma de
pequenas unidades residenciais definidas em torno de uma escola
fundamental, e com população suficiente para justificar a
respectiva existência.
A
escola ocuparia o centro da unidade, juntamente com lojas e outros
equipamentos locais. Para o arquiteto, os equipamentos urbanos
deveriam estar próximos às habitações, que não deveriam ser
interrompidas por vias de trânsito de passagem, mas apenas
tangenciadas, preservando a vida comunitária e oferecendo caminhos
seguros e distância ideal para que as crianças pudessem ir à
escola sozinhas, sem correr riscos ou cansar. Por isso, a escola
fundamental era o equipamento básico de uma unidade de vizinhança.
Foi dessa maneira que o Conjunto Ceará foi construído.
O
bairro conta com onze Unidades de Vizinhança (UVs), que possuem
características idealizadas por Clarence Perry, como escolas no
centro de cada UV, ruas distribuídas de forma a não servirem como
vias de passagem, e tangenciadas por avenidas, que servem para o
fluxo de veículos em grande escala. No centro de cada Unidade de
Vizinhança também foi projetado um prédio de aproximadamente 400m²
para unidades comerciais, e outro com 400m² para o convívio Social,
chamados centrinhos. Quadras esportivas e play ground também
foram disponibilizados para os moradores. Um prédio para um Centro
de Saúde, outro para a Delegacia de Polícia, um Conjunto de três
Galpões para o funcionamento de uma Central de Abastecimento de
alimentos, um Centro Comunitário e uma Unidade de Profissionalização
constarão do projeto original.
Os
resultados esperados pelos planejadores do Projeto Ceará não
foram, porém, plenamente atingidos. Chega-se à conclusão de que as
UVs não atenderam em plenitude às expectativas em torno da
recriação de comunidades primitivas, onde todos se conheceriam e
teriam alto grau de integração. A estagnação desse processo
deveu-se em grande parte à tendência das pessoas, no meio urbano,
de se isolarem do entorno de suas residências, motivadas pelo
surgimento de relações sociais mais amplas permitidas pelos meios
de transportes e comunicação, e à falta de resposta do ambiente
Unidade de Vizinhança no tocante ao oferecimento de postos de
trabalho, tanto no setor terciário quanto no secundário.
Apesar
disso, algumas funções da UV foram alcançadas, como a de oferecer
proteção à criança e ao idoso, que encontram espaços mais
seguros, principalmente quanto ao trânsito de veículos. Outro ponto
positivo foi a distribuição lógica de equipamentos e serviços no
bairro, demonstrando que as medidas de planejamento foram compatíveis
com o desenho urbano e a forma de vida dos moradores.
Algumas
características sociais dos moradores do Conjunto Ceará foram
também reforçadas pela concepção de UV, como, por exemplo, o
convívio entre famílias da mesma rua, muito parecido com o que é
visto em cidades do interior. A realização de eventos culturais e a
participação comunitária também sofreram influência ao serem
muitas vezes dimensionadas por Uvs.
Por
outro lado, as avenidas que contornam cada UV substituíram a área
central da Unidade, tanto econômica como socialmente, sendo hoje os
verdadeiros locais de atração de empreendimentos e de integração
dos moradores.
Nesse
contexto de UV, é mister saber o estado em que se encontram as
moradias. Os dados coletados apontam uma evolução da área física
dos imóveis, um pequeno incremento na verticalização, ou seja, o
aparecimento de mais sobrados, e o crescimento do parcelamento de
solo denotando replicação de unidades de moradia, principalmente
para uso dos filhos ou para locação.
Inicialmente
foram construídas 8.105
casas em cinco modelos, sendo classificados de A,
B, C, D e E, conforme o tamanho, além
de 645
terrenos distribuídos em vários pontos do Conjunto e posteriormente
edificados por seus compradores. Atualmente, constatam-se a
existência de 9.411
unidades residenciais e 1.292
unidades de empreendimentos.
Dados foram levantados sobre a infraestrutura urbana do domicílio, como verificação da condição de conservação, tipo de imóvel, condições sanitárias, entre outros. Ao estudá-los, pode-se verificar a evolução de vários índices, tal como o que mede a ampliação do domicílio. Em 1988, essa ampliação havia ocorrido em 61% das moradias. Em 1998 chegou a 79%, e em 2008 em 88%.
Outras informações que ajudam a montar o perfil das residências no Conjunto Ceará são:
Av. Ministro Albuquerque Lima, 779 - 1a Etapa - Conjunto Ceará - Fortaleza - Ceará RJP: Livro A, n° 5, Fls. 143/144, n° 1.117 CNPJ nº 11334505/0001-09 Fone: (85) 2942816 - E-mail: prodecom@ig.com.br Entidade Comunitária, Beneficente, Sem finalidade econômica Considerado de utilidade pública através de Lei municipal e estadual.