Em 1984, na Semana Santa, um grupo de pessoas do Conjunto Ceará na companhia do Pe. Gilson Soares foi ao Espetáculo Cênico  "Paixão de Cristo" em Nova Jerusalém, em Pernambuco-Brasil.

Motivados por Pe. Gilson, alguns  jovens, que estavam na  excursão, montaram, em dois dias,  a primeira Paixão de Cristo do Conjunto Ceará. A apresentação foi iniciada no final da tarde da Sexta-feira Santa, na frente da Igreja Matriz. A primeira cena foi Pilatos, encenada entre as colunas da entrada principal da igreja. Depois, em cortejo, o público foi se deslocando pelas Avenidas Central (2a. Etapa), C, F, A e novamente Central (1a. Etapa).

O elenco foi posicionado ao longo do percurso, dramatizando as passagens da Via Sacra, auxiliado por um pequeno sistema de som montado em cima de um chevette, que, a cada local ( 1a,2a, e 3a, quedas, Cirineu, Mulheres de Jerusalém,Verônica, Maria, etc.),era ligado por extensão a uma casa de morador, já previamente autorizado.

O Cortejo ao chegar no final da avenida "F", próximo à avenida "A", com todas as passagens encenadas, viu o céu escurecer e uma chuva fina começar a cair, acompanhada de trovões e raios. Alguns se abrigaram, mas muitos, principalmente os mais jovens continuaram o cortejo apesar de se molharem.

Um homem a cavalo posicionou-se à frente do cortejo, como um abra alas. O ator que fazia Jesus se esforçava em carregar a cruz na chuva e arrastar o seu manto, que era uma colcha vermelha "madrigal" emprestada, que ensopada  d'água, pesava muito.

Antes de o cortejo chegar, o cenário da crucificação foi retirado da frente da Igreja e colocado no altar, transformando-o no palco principal. O Sistema de som da igreja foi acionado.

Na igreja muitos fiéis estavam sentados aguardando o desfecho do espetáculo, quando adentrou o Cristo carregando a cruz, juntamente com os apóstolos, mulheres de Jerusalém, soldados romanos, dentre outros e muitas outras pessoas molhadas. Os elementos principais estavam presentes, expectativa, perseverança, garra e atitude de prosseguir com o espetáculo. Mal sabiam, estava iniciando a maior e mais antiga Paixão de Cristo de Fortaleza.

Igreja lotada, luzes apagadas, holofotes direcionados, começa a crucificação, com um mau ladrão vestido de termo e um bom ladrão vestido de camponês, reflexo da doutrina social da igreja, indutora do processo de redemocratização no país.

Luzes estroboscópicas, fumaça, trilha sonora (equipamentos do Marcos, que fazia festinhas no salão paroquial) foram utilizados no momento da encenação.

Com um grande aplauso do público, o corpo de Jesus foi levado para a sacristia, finalizando a apresentação. Foi um grande desafio, que demonstrava o empenho dos jovens do Conjunto Ceará.

No ano seguinte, o espetáculo foi repetido com parte do primeiro elenco e alguns novatos, sendo melhorado pois não houve chuva e algumas cenas programadas no ano anterior puderam ser apresentadas.

A outra parte do primeiro elenco, não participou, pois estava engajada em movimentos políticos, inclusive na formação de um diminuto partido, o PT, que tinha como liderança um operário chamado Lula.

A terceira encenação, em 1986,  teve acréscimo de cenas e cenários. Ocorrendo a crucificação  entre as carnaúbas próximas à Igreja. Os atores e atrizes tiveram de pegar na enxada para limpar os locais das apresentações. Essa movimentação de não só encenar, mas fazer cenários, adereços, figurino e preparar os espaços cênicos fez o grupo de atores continuar unido após a semana-santa e criar um grupo para atividades comunitárias além da Paixão de Cristo.

O Grupo "QG", a semente do PRODECOM, surgiu em 1986 logo após a apresentação da Paixão de Cristo, tendo como local de reunião a casa da Rua 729 nº 210 - 3 a. Etapa do bairro. No início, como todo grupo comunitário, muitas ideias e falta de recursos financeiros para tocá-las.